"Passei a semana inteira com essa vontade de chorar presa na garganta. Isso sem haver explicação, apenas essa vontade de chorar. Cheguei á me questionar, á pensar que estava enlouquecendo; que era egoísta. Porque como alguém com tantas coisas boas pra contar pode estar assim: triste, muito triste por dentro. E aí fiquei mais triste por não saber o quê da minha tristeza...
Por isso e por tantas outras coisas talvez, não chorei. Amarguei isso dentro de mim, pra tentar esquecer. Sem pensar no quão cruel eu estava sendo comigo mesma, me impedindo de fazer algo tão simples, mas tão cheio de significado: chorar! No fundo não o fiz, dentre tantas razões, por medo. Medo de ser mais incompreendida do que estou me fazendo ser por mim mesma.
E mais medo por sentir-me ingrata por tantas bênçãos e presentes que tenho recebido ao longo da vida. Ah, mas essa vida, ela continua sendo cruel, mesmo sendo em algumas horas, bem doce!
Mas isso não á isenta de todas as minhas tristezas, todas as minhas angústias, pelas horas de sono que tenho perdido e pelos primeiros cabelos brancos que tenho encontrado na minha cabeça por tantos problemas. É essa mesma vida que agora me corta os pulsos e me faz sangrar lentamente; e mesmo assim, me nega o direito de chorar.
Sim, a obrigação do palhaço é sempre garantir o espetáculo. Mas quem me garante que ele não chora?
Sempre procurei razão pra tudo, explicação e sentido para cada momento, cada sentimento, e isso me impede de simplesmente chorar por chorar, amar por amar, viver por viver...
E mesmo que chorasse agora, teria que ser sozinha, em silêncio; porque mesmo entre tantas pessoas, acho que não há ninguém para me entender nesse momento.
Na verdade acho que nunca terá, porque no espetáculo da minha vida, eu "palhaço triste" tenho apenas a obrigação de garantir o espetáculo, mesmo que isso custe sufocar meus sentimentos e me impeça simplesmente de chorar..."
Por isso e por tantas outras coisas talvez, não chorei. Amarguei isso dentro de mim, pra tentar esquecer. Sem pensar no quão cruel eu estava sendo comigo mesma, me impedindo de fazer algo tão simples, mas tão cheio de significado: chorar! No fundo não o fiz, dentre tantas razões, por medo. Medo de ser mais incompreendida do que estou me fazendo ser por mim mesma.
E mais medo por sentir-me ingrata por tantas bênçãos e presentes que tenho recebido ao longo da vida. Ah, mas essa vida, ela continua sendo cruel, mesmo sendo em algumas horas, bem doce!
Mas isso não á isenta de todas as minhas tristezas, todas as minhas angústias, pelas horas de sono que tenho perdido e pelos primeiros cabelos brancos que tenho encontrado na minha cabeça por tantos problemas. É essa mesma vida que agora me corta os pulsos e me faz sangrar lentamente; e mesmo assim, me nega o direito de chorar.
Sim, a obrigação do palhaço é sempre garantir o espetáculo. Mas quem me garante que ele não chora?
Sempre procurei razão pra tudo, explicação e sentido para cada momento, cada sentimento, e isso me impede de simplesmente chorar por chorar, amar por amar, viver por viver...
E mesmo que chorasse agora, teria que ser sozinha, em silêncio; porque mesmo entre tantas pessoas, acho que não há ninguém para me entender nesse momento.
Na verdade acho que nunca terá, porque no espetáculo da minha vida, eu "palhaço triste" tenho apenas a obrigação de garantir o espetáculo, mesmo que isso custe sufocar meus sentimentos e me impeça simplesmente de chorar..."
(Angela C. L. Honório)